domingo, 6 de novembro de 2022

A grande derrocada do IDEB no Município de Queimados


Para entendermos os fatores que levaram o município de Queimados a decair para 9° posição no ranking da baixada fluminense, é necessário entendermos o que é o IDEB. 

Criado em 2007 para melhorar a educação básica do país, o IDEB  avalia os principais indicadores que medem a qualidade da aprendizagem e o ensino no Brasil. Para isso são traçadas metas que devem ser alcançadas pelos municípios e estados. 


A conta não é tão simples, mas medem dois indicadores: taxa de rendimento escolar e o desempenho médio obtido nas provas aplicadas pelo INEP. O cálculo é feito da seguinte maneira: as notas obtidas nas provas de português e matemática são padronizadas em uma escala de zero a dez. A nota obtida é multiplicada pela taxa de aprovação que varia de 0% a 100%. Vale ressaltar que os estudantes avaliados no município são do 5° e 9° ano do Ensino Fundamental. O IDEB é importante para avaliarmos os avanços e os retrocessos da nossa educação municipal. A pergunta que se faz hoje é: de quem é a responsabilidade pela acentuada queda do IDEB no nosso município? 


Podemos destacar alguns fatores relevantes ou ausência deles, são eles:

1) A pandemia que atingiu severamente a educação mundial. Apenas 8 dos 27  estados brasileiros atingiram as metas estabelecidas. 

2) Uma escolha equivocada para gerência da pasta da educação. A gestão municipal é centralizada, diferente da gestão estadual que é descentralizada. A falta de experiência na gestão da rede municipal local, conduziu a educação por estratégias equivocadas  

3) Ausência de diálogo com os profissionais que trabalham na ponta, aqueles que atuam diretamente nas escolas. Precisamos ressaltar que o prefeito Glauco kaizer não recebeu o SEPE nenhuma vez apesar de inúmeras solicitações.

4) Burocratização excessiva e sobrecarga de relatórios e documentos a serem preenchidos e entregues em curto prazo pelos professores e pela direção escolar.

5) Não houve um planejamento estratégico pós-pandemia que priorizasse o ciclo de alfabetização. 

6) Verticalização dos diálogos, onde a gestão macro (semed) pouco escutou os gestores das unidades escolares e o "cumpra-se" foi predominante interrompendo uma relação que deveria ser horizontal e democrática. 

7) O fluxo de distorção idade-série acrescentou mais um problema: o crescente analfabetismo nas séries avançadas. 

8) Ausência de apoio da SEMED ao docente que teve que trabalhar com salas de aulas lotadas de alunos com diferentes déficits de aprendizagens. 

9) Alta rotatividade de docentes na rede municipal que optam por municípios que possuem plano de carreira para os profissionais da educação e valorização salarial superior ao município de Queimados. A rotativa de professores faz com que o aluno perca a identidade com seu professor o que provoca seu baixo rendimento escolar.

10) Ausência de conhecimento do "chão de escola", onde as políticas públicas educacionais eram desenvolvidas em gabinetes e de forma verticalizada. 

11) A demora em oferecer uma alimentação escolar adequada ao ambiente escolar, onde estudos apontam que com fome não há aprendizagem. 

12) Ausência de um plano de curto, médio e longo prazo para a construção de um projeto educacional que seja capaz de socializar conhecimento científico, prático, produção cultural e projetos formados no chão da escola com adesão máxima dos profissionais da educação. 


Elencamos 12 fatores determinantes para a derrocada do ideb em Queimados. 

Poderíamos ressaltar outras fragilidades que propiciaram essa grande queda do nosso ideb, mas 12 nos parece ser suficiente. Entretanto,  apenas uma fragilidade resume todo este retrocesso e fracasso: a falta de diálogo permanente com a base da educação queimadense. Nenhuma gestão em educação será vitoriosa sem o aceite e o apoio dos profissionais da educação. Profissionais desvalorizados, alunos sem material escolar, ônibus escolares insuficientes e com rotas desorganizadas, professores sem adequação ao piso salarial nacional, sem 1/3 de planejamento  e sem seu plano de cargos e salários  não teremos condições de  produzir resultados com índices  elevados. Os profissionais da educação se dedicam e querem o melhor para o município. O próximo gestor precisa ser de Queimados e ter o aceite da categoria da educação, ou será mais um fracasso acumulado a outros. O orgulho precisa dar espaço ao diálogo, a construção permanente e a união de todos. Não podemos esquecer que tivemos excelentes números do ideb em um passado recente, mas crescer é diferente de vencer, e, para sermos os melhores, precisamos mexer na base e corrigir erros históricos. Queimados precisa avançar de forma permanente, gradual e real. Neste texto apontamos fracassos, escolhas equivocadas, erros e fragilidades. Soluções são pautas para um outro momento que construiremos em um futuro próximo. Que não nos falte a esperança e a perseverança na luta por uma educação pública de qualidade e integral.


Elaborado por Carine Saramago

Coordenadora Geral do SEPE - Queimados

A grande derrocada do IDEB no Município de Queimados

Para entendermos os fatores que levaram o município de Queimados a decair para 9° posição no ranking da baixada fluminense, é necessário ent...