segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Nota de Repúdio às declarações do secretário César Benjamin

O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação e a Secretaria Estadual de Combate a Discriminação Racial do Sepe-RJ vêm a público emitir uma nota de repúdio tendo em vista as declarações de cunho racistas do atual secretário de educação do município do Rio de Janeiro, César Benjamin.
 
No dia 20 de novembro comemoramos a Consciência Negra e buscamos refletir sobre o racismo que ainda perpetua no Brasil, consequentemente, formas de eliminação deste para que tenhamos uma sociedade igualitária entre brancos e negros, livre de toda forma de opressão, o senhor Benjamin, declara que o Brasil exportou a racialização, ignorando que a cor da pele subsiste como valor de distinção, discriminação e preconceitos no Brasil, oriundo de uma sociedade que durante mais de 300 anos conviveu com a escravidão. 
 
Os negros e negras ainda não garantiram sua integração à sociedade brasileira, pois após a abolição o povo negro não recebeu terras ou nenhum outro tipo de indenização pelos séculos de trabalho escravo. Todo esse processo de fim da escravidão no Brasil é entendido pelo conjunto do movimento negro como uma abolição inacabada.
 
O senhor César no seu comentário, reforça o mito da “democracia racial” porque a racialização é uma realidade e para revertê-la, é necessário que a sociedade e o poder público reconheçam que o fator racial é um marcador social da diferença. Até a Organização das Nações Unidas reconhece como gravíssimo o problema racial no Brasil.
 
O senhor César Benjamin destilando ódio gratuito com argumentos falsos e infundados, também conota total desconhecimento histórico e social quando afirma que “os negros são minoria nas prisões” brasileiras. É paradoxal a atitude de um administrador público, ao tentar maquiar ou esconder a fragilidade dos governos em encontrar soluções para o Racismo Institucional vivido pelos presos, maioria de homens negros que têm que conviver em celas superlotadas onde muitos, sequer passaram por julgamento.
 
Sob a égide da impunidade, o secretário de educação do Rio segue na contramão de políticas raciais afirmativas para uma sociedade em que a população negra soma 53%. Não é a primeira vez que o senhor Benjamin faz esse tipo de declaração. Em junho de 2002 para a Revista “Caros Amigos” ele declara que não consegue enxergar a fronteira entre brancos e negros no Brasil, além de se colocar contrário às cotas nas universidades públicas.
 
Se o atual secretário não enxerga o racismo, poderá compreender que urge a necessidade de produção de Políticas Educacionais valorizando a educação antirracista, fazendo cumprir as Leis 10.639/03 (história da cultura afro-brasileira) e 11.645/08 (história da cultura indígena)? Será que o secretário de educação não percebeu que a maioria dos alunos matriculados na rede municipal é negra? Nós educadores fazemos no dia da consciência negra vários debates sobre a importância da história do negro no Brasil, o que o secretário esta afirmando é que para ele esses debates são inúteis? É um absurdo total e um desrespeito aos profissionais da educação que tentam mudar no dia a dia do chão da escola, esta realidade perversa do racismo. 
 
O Senhor Benjamin não reconhece o processo histórico que produziu a desigualdade entre brancos e negros no Brasil quando age contrário às politicas educacionais necessárias para os segmentos historicamente discriminados como também apresenta-se contrário aos objetivos reais de eliminação do padrão perverso da desigualdade mantida pelo racismo. Acreditamos que um secretário de educação pública deve estar à altura para construir políticas que superem e não que reforcem o racismo.
 
Coletivo de Combate ao racismo do Sepe RJ.

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